sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Desnó Da Garganta.

Toda poesia reprimida
Fertiliza memórias tristes
Vira engodo em noites de insônia
Vira monstro dentro do armário
E é por isso que escancaro o peito
Para gritar para quem quiser ouvir:
Sim, o poema é possível sem arestas
Os versos são soltos por direito
E a poesia é alegre e livre
Como um balão de gás, no formato do Pikachu, que se desprendeu
das mãos de uma criança descuidada
e passou a enfeitar o céu.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

20º Dia de Afastamento.

        Meu corpo pede descanso. Minha cabeça está cansada dela mesma. Eu estou tentando me levantar de novo, eu sinto que já deveria ter aprendido como se faz. O futuro me apavora e eu tenho medo dos dramas que eu crio pra mim. Estou desorientado e preciso lutar contra forças internas mais fortes que minhas pernas. Mas eu vou ficar bem, é o que me garantem. Só não sabem precisar quando. Meu coração pesa duas toneladas e meia. Estou cheio de vazio. Hoje chorei na sala da psicóloga e tive ataques involuntários. Ela disse que esse é meu inverno e que depois vem a primavera. Tem alguém me ouvindo? Tudo isso é tão deprê. Queria falar da beleza da vida, fazer graças com as palavras, juro, mas meus olhos estão quebrados. Eu tenho que me reconstruir e, nossa, como isso é trabalhoso. Meu blogzinho é meu único meio de desabafar sem eu me sentir culpado por estar choramingando à toa. Tem alguma coisa muito errada comigo e a culpa disso é só minha. Queria ter um abridor de amanhecer e um esticador de horizontes. Queria ter de volta a paz que eu perdi. Não é sereno ser eu. Eu dificulto tudo. Não está sendo fácil.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Tampas de caneta Bic.

Todas as coisas que se perdem nas mudanças entre casas,
no fazer e desfazer malas de viagens,
nas trocas de bolsas, mochilas, pastas e estojos
todos os objetos que trocaram de lugar, todas as coisas sem volta, todas as coisas que revogaram sua posse:
São coisas irremediáveis,
que a gente perde e depois, displicentemente, se esquece de procurar.
São coisas escondidas debaixo do tapete, nas frestras das paredes, nos vãos dos vincos do tempo,
e é pra lá que todos nós vamos, um dia.