Teu músculo latejando contra o
meu músculo. Os poros se tocando em desespero. As papilas roçando úmidas. A
gravidade do tato em frestas obscenas. As esquinas das frestas suando. As
carnes se enroscando como se fosse finalidade única das carnes se enroscarem.
São dançarinos expulsos do ballet Bolshoi por causa da cocaína. Teu cuspe
lavando o meu cuspe. Chupo tua saliva pra me purificar por tudo aquilo que não
pequei. Lambo a tua língua sem modos ou pudor, como um velho nojento chuparia um
peito de 15 anos. Tens sabor de Halls preto com água gelada. As pernas
desaprendendo a serem pernas. A consciência do pau avolumando a cueca. Eu tenho
a pretensão de desfazer tua memória e me eleger o único gosto que podes provar.
Tua respiração quase cessa e eu quase me esqueço de tudo. Tua maior putaria é emudecer
o mundo. Só sobra tu, meu viciozinho de merda que, mais fodido que resignado,
eu não consigo largar. Tu és a nostalgia que eu sinto de brincar, quebrando e
desmontando. Machuca, mas a minha sacanagem é inocente.