domingo, 18 de agosto de 2013

Das coisas que eu pensei ter desaprendido como faz (ou nunca soube fazer)

               Não há palavras. Não há verbos. Adjetivos. Substantivos. Pronomes. Não há artigos. Não há pensamento. Há o estar e o existir. Há ela. Há ela estando e existindo. Há seu rosto na contraluz e sua respiração tranquila. Não há mais eu. Há ela embrulhada no cobertor com a cabeça afundando o travesseiro. Há o quarto escuro. Não há mais nada lá fora. Não há sentido ou incompreensão. Não há pensamentos, suposições, teorias, divagações, lógicas, preocupações, anseios, trabalho, televisão, frustrações, complexos, pobreza, fome, injustiça, violência, hipocrisia, pessoas, mundo. Há seus traços delicados e sua pele pálida. Há sua inconsciência abraçando o tempo/espaço. Há o peito quieto e a cabeça vazia. Há um nirvana, tímido, silencioso. Há o presente se espreguiçando tranquilo pela madrugada. E ela dentro nele. Não há mais nada.  

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