domingo, 31 de março de 2013

Argh.


       Tropeços em cacos de memória que fodem com a sola do meu pé. Faz três anos, provavelmente mais. Parece que foi ontem que os verbos de ligação conseguiam exprimir tudo. Eu, mesmo sem saber como ou o quê, dizia com a propriedade irresponsável dos que se permitem o drama. É fácil relativizar angustias juvenis com metáforas exageradas. É cômodo inventar sentimentos, teorizar sensações, intensificar bobagens. Sei que, no fundo, fui eu, sim, quem escreveu toda essa porcaria. Mas é difícil me enxergar no meio de frases de efeito estúpidas e histórias mal contadas. Tem tanto perdido dentro dessas lembranças toscas que me dá pena. Só de pensar que essas palavras minaram  gente relevante eu sinto náusea. Queria ter sido quem eu sou pra dizer coisas diferentes, mesmo sabendo que, irremediavelmente, eu cagaria tudo da mesma forma. Só me pergunto se nem pra adubo serviu atolar, voluntariamente, tanta merda no meu peito. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Pra ela.



Renegar orgulhos, abrir mão de vaidades, calar diante do erro e oferecer compreensão em troca de atos dramáticos, de dores expostas, de pedidos esbaforidos, de juras inviáveis. Reconhecer-se pequeno, medíocre, falho, mesquinho, humano. Aceitar o silêncio como castigo, sem espernear, calando gritos, mantendo espaços, deixar a culpa afagando o peito. Porque, apesar da ânsia de insistir em garantias, de reexplicar motivos, amar exige maturidade. Nada se fortalece com desgastes bestas, com dúvidas preocupantes ou inseguranças desnecessárias. A intimidade exige respeito. A entrega demanda braços abertos, não punhos fechados. Não há lugar pra omissões entre cúmplices.

Entendo que sucessões de erros são intoleráveis. Sei que há a consciência mútua de que, é provável, eventualmente vou errar de novo. Sei que não meço o quanto posso ferir, ainda que minha intenção, por mais idiota, não vá além de provocar. Mas a falha também me rasga quando descubro o seu tamanho. E ela me atinge atando a minha garganta e revelando uma estupidez maior do que eu mensurei. Há justificativas para o amor e quero manter elas íntegras.  Então, mesmo angustiado, espero um consolo, uma desculpa perdida, uma fisgada de falta. Ainda que, às vezes, eu não saiba como, a minha ignorância, mesmo que não pareça, ainda é muito, muito pequena perto da certeza de que eu te amo.