segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Nice trip.

 

      Observo a janela imóvel e, por trás dela, o terreno se move como um caleidoscópio variando suavemente entre esquerda-direita. Talvez seja a janela que esteja oscilando, deslizando sobre a parede, não tenho certeza. A paisagem é vazia, plana, coberta de por um campo infindável de centeio. Ou quem sabe seja trigo. Provavelmente cevada. Não faz diferença. Penso em quantas coisas não fazem, realmente, diferença e, de repente, nossas vidas parecem detalhes. Imagino que se tudo acabasse, seria como se nada houvesse começado. Deixaríamos como vestígios pilhas de concreto e aço, montes de papel, moradas inúteis que revelariam sua podridão sem que ninguém pudesse mais censurá-la. Agora chove lá fora. Sei que montes de pessoas estão juntos, aquecidos, agrupados para se esquecer do frio e para rir de coisas que não me divertem. Fecho a janela, deslizo a cortina, deito no chão e peço ao teto para que caia sobre mim enquanto eu durmo.

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