sábado, 29 de outubro de 2011

Bobagem.

Refaço os passos como se assim pudesse mudar o sentido dos meus caminhos. Mas não há redenção no passado. De qualquer forma, oprimido pelo peso do meu peito, não tenho escolha se não contemplar os espaços vagos que o tempo cultivou em mim. Becos sem saída, labirintos sem esquinas, passagens sem destino.

Sou o protagonista do filme que assisto e a solidão na plateia me dá uma paz estranha. Eu, ali, me basto como se no mundo não houvesse mais nada pra necessitar ou preocupar. Revivendo memórias, me esqueço do presente e abro de mão de existir em linha reta. Vivo ao contrário.

Ouço o eco das coisas velhas reverberando no espaço vazio. As pinturas estão desbotadas, o ar é úmido, eu toco em teias densas, o silêncio é cortante, a ampulheta gira igual a hélice de um monomotor inútil e só o que há a fazer é cair, cair, cair... cair até não poder mais. E quando o chão inevitavelmente chegar, trará a lembrança de que nada permanece suspenso pra sempre. Nem o tempo, nem as memórias.

Tudo se muda, tudo se esvai.

Nenhum comentário: