segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Agradinho merecido.

     Digo que ela é dramática, inconstante, complicada, louca, doida varrida... Digo por que eu sou sincero e porque eu posso ser. Daí eu procuro uma série de justificativas pra sustentar meus adjetivos bestas e tentar convencê-la do que ela já sabe. Na verdade, na verdade, eu poderia resumir tantas qualidades n’outra coisa muito mais lógica: coragem. Pois é. Ela, diferente de mim, não tem medo de assumir e sentir o que sente, mesmo que isso só dure até daqui a pouco. Mesmo que nem tenha bons motivos pra sentir. Ok, mesmo que ignorando os motivos. Ela se entrega corajosa, se doendo ou sorrindo. Ela sabe dos riscos, é esperta, mas foda-se. Antes qualquer coisa que a apatia. Talvez seja a inocência ou a vida reprimida ou a ânsia pelo futuro ou imprudência ou só vontade de sentir mesmo. Afinal, não tem nada melhor pra fazer. E é bonito e me dá esperança e nostalgia. O passado parece possível porque ela morre e ressuscita toda hora. O futuro é só até daqui a pouquinho. E quando o tempo mudar as coisas pra valer, eu espero (nem que seja em vão!) que ela continue a mesma dramática, inconstante, complicada, louca, doida varrida...

         Ah! Ela faz questão de ver o sol nascer. Isso é bonitinho. Ela é engraçada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Trinta Minutos.

     

      Foi-se tempo. Foram apenas olhos, e depois nariz, boca, cabelo, aí tinha o pescoço. E depois mãos pálidas e letras miúdas, e umas pulseiras. Mas tinha o pescoço. E o reflexo no vidro, e um perfil. E mistério e palavras indecifráveis e confusão. E a vista nos vultos, e a sombra de tudo que é real. As luzes iluminando nada demais e a velocidade e um vidro embaçado. E o pescoço. Daí a vontade sincera e o esforço desnecessário. O branco e os dedos e a profundeza e o que eu não sei. Porque eu não sei. O sono, e o livro, e a velocidade, liberdade, e um talvez. Uma hipótese. Mas as pessoas. Suas certezas, seus apertos, suas prisões, sua cegueira. E ela lá. Atrás do resto. Algo de fé. Sempre trágico. Uns instantes quebrados, a vontade de quebrar todos os outros. Reza, desejo, palavras, pescoço, e vai-se o tempo. E a velocidade, e as pessoas. Levam embora o que nunca trouxeram e deixam só o que poderia ter sido. Nos fazendo de putinhas adestradas. Ela lá. E a beleza é tão drástica. Porque ela tava lá. Paixão é simples como a velocidade. Não passa de velocidade. A velocidade é que nos faz passar de todo o resto. Chego rápido demais.